quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

Poesia subliminar

Carlos Alberto Fiore, jornalista, músico, escritor, criou um tipo de texto que consiste em construir um novo poema de um texto minimalista (poetrix, frase, trova, quadra ou outro texto pequeno). O processo é o seguinte: cada verso do novo poema começa com uma palavra (às vezes, duas palavras, porqueexpressões inseparáveis, deixando-se, então, agir o bem senso) do texto minimalista, como se fosse um acróstico, que de palavras.
A este tipo de poema compartilhado seu criador chamou de “poesia subliminar”.

Inútil...

dizer das esperas
quando é o Amor...
que se anuncia

Karinna*

Inútil / Procura

Dizer do meu desatino,
Das vontades sem tino,
Esperas sem fim... Saudade...
Quando anseio a felicidade,
É sofrimento silencioso,
O peito arfando desejoso.
Amor, ainda luto por ti !
Que fazer? Não desisti.
Se não me quiseres, (que pena!),
Anuncia-o em cantilena.

Karinna */ Mardilê Friedrich Fabre

Imagem: www.vagalume.com.br


sábado, 20 de dezembro de 2014

Cadae

Cadae é um poema que, como o fibhaiku (fib), relaciona-se com a matemática. O fib baseia-se na sequência de Fibonacci (1,1,2,3,5,8,13...) para a contagem de sílabas poéticas de seus versos; o cadae utiliza o valor do PI (aproximadamente 3,1415) para a contagem de sílabas poéticas dos versos. Assim sendo, o cadae é um poema minimalista de cinco versos, ou seja, uma quintilha, na qual o primeiro verso tem três sílabas poéticas; o segundo, uma; o terceiro, quatro; o quarto, uma; e o quinto, cinco.
A origem do nome, cadae, também está ligada ao valor do PI. Cada número indica a letra do alfabeto correspondente. Assim: 3 = C; 1 = A; 4 = D; 1 = A; 5= E.
No cadae, deve haver uma ruptura.
Esse tipo de poema não tem título. Para identificá-lo, usam-se números, como no haicai e no tanca.

Referências 

http://lananoliteratura.blogspot.com/
http://en.wikipedia.org/wiki/Cadae


Cadaes por mim criados



Cadae 1

Esculpidas
Na alma,
Vozes diáfanas.
Anjos
Semeiam carícias.


Cadae 2

A aflição
Turva
O coroção.
Nada...
Nenhuma emoção.

Mardilê Friedrich Fabre
Imagens: Google

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Triolé

O triolé originou-se na França (triolet), ao mesmo tempo que o rondel e o rondó, mas ele tem sua própria estrutura poética: versos com oito sílabas poéticas distribuídos em uma oitava, ou mais, com duas rimas apenas. O primeiro verso repete-se no quarto, e os dois primeiros fecham a estrofe, como o sétimo e oitavo: ABaAabAB. Caiu em desuso (completo) no século XVI e foi reerguido, na metade do século XIX, pelos poetas parnasianos. Dentre os nossos poetas que experimentaram o triolé, destaca-se um nome ilustre, Machado de Assis.
O triolé identifica-se com a poesia epigramática, por causa dessa repetição, que é o seu marco, porque ela o torna leve como uma “seta”.

Referências:
http://silviamota.ning.com/group/triole




Doce Tristeza 

Invade-me doce tristeza,
Saudade do céu luminoso
Dos dias de encanto e beleza.
Invade-me doce tristeza.
Lembro os momentos de pureza
Do nosso encontro carinhoso.
Invade-me doce tristeza,
Saudade do céu luminoso.

Toma-me a solidão com crueza.
É sina um futuro brumoso.
A noite envolve-me com frieza.
Toma-me a solidão com crueza.
No escuro da mente, a incerteza
De sentimento poderoso.
Toma-me a solidão com crueza.
É sina um futuro brumoso.

Mardilê Friedrich Fabre
Imagem: www.pnterest.com

sábado, 6 de dezembro de 2014

Rondó

O rondó surgiu na França, em 1250, aproximadamente, na mesma época do rondel, como um ritmo que acompanhava a dança chamada “ronde”, daí seu nome.
É um poema formado por uma quintilha, um terceto e outra quintilha, repetindo-se como estribilho o primeiro verso do poema no final do terceto e da segunda quintilha, por isso ficam 15 versos com duas rimas apenas, segundo o esquema: Aabba aabA aabbaA. Esse é o rondó francês ou clássico, no qual A = 1º verso repete-se no final do terceto e da última estrofe, na íntegra ou em parte. O rondó não obedece a um esquema rígido de número de sílabas poéticas.
Existe também o rondó português, que aqui não foi exercitado.

Referência:

 http://www.recantodasletras.com.br/teorialiteraria/1468727





A Paz do Poeta

Por um halo de paz rodeado,
O poeta tem a seu lado
Da noite a leveza e a magia.
Livre voa a emoção e esfia
O poema nele encerrado.

Que seja a paz o seu legado.
Nela quer ser aprisionado
O poeta que se inicia
Por um halo de paz rodeado.

De suas mãos sai o impensado
P´ra jovem de rosto rosado:
A promessa na poesia
De lembrá-la em hora tardia,
O que ele cumpre dedicado
Por um halo de paz rodeado.

Mardilê Friedrich Fabre
Imagem: mensagens.culturamix.com

sábado, 29 de novembro de 2014

Escala

Brincando de poetar, criei este tipo de poema com seis estrofes, que pode ser construído de duas maneiras:
1) um monóstico, 2 dísticos e 3 tercetos (escala ascendente);
2) 3 tercetos, 2 dísticos e um monóstico (escala descendente).
Versos com 5 a 8 sílabas poéticas, admitindo no mesmo poema as seguintes variações:
1)   escala ascendente:
versos com 5 (monóstico), 6 (dísticos) e 7 (tercetos) sílabas poéticas;
versos com 6 (monóstico), 7 (dísticos) e 8 (tercetos) sílabas poéticas.
2)   escala descendente:
versos com 8 (tercetos), 7 (dísticos) e 6 (monóstico) sílabas poéticas;
versos com 7 (tercetos), 6 (dísticos) e 5 (monóstico) sílabas poéticas.
As duas formas admitem o mesmo número de sílabas poéticas em seus versos, desde que seja 5, 6, 7 ou 8.
As rimas variam conforme se trate de escala ascendente ou descendente. No primeiro caso, o esquema é o seguinte: A, AB, BC, BAB, CAC, DAD; no segundo caso o esquema é ABA, CBC, DBD, AC, CD, B.
Os versos também podem ser brancos, isto é, sem rima, mas com métrica, número de sílabas, conforme explicado acima.
O tema é livre, mas o título é obrigatório.
O nome do poema lembra uma escala tanto quanto à disposição das estrofes e seu número como quanto ao número de sílabas poéticas dos versos.



Destino
Burlou-me o destino.

Não é mundo divino,
Onde tudo é risonho.

Porém roubei-lhe o sonho.
Então nele me afundo.

O regozijo me imponho.
Os dias cinza elimino
E as energias reponho.

Regenero num segundo
Cada prejuízo ladino.
De luz e bem me circundo.

Refugio-me entre as flores.
Nelas minh´alma reclino
P´ra ver anjos voadores.


(Ascendente)



Fluidificados

Não me abandona tua imagem,
Vens envolta em fios de prata,
Destilando pós que em mim agem.

Metamorfoseio-me assim
No ar translúcido que arrebata
Da noite o hálito do jasmim.

Agito-me na limpidez
Dos tons que jorram em cascata
Do meu corpo que só tu vês.

Nossas almas interagem
Numa comunhão sem fim.

Aos acordes de um flautim,
Sublimo-me na fluidez.

E o repouso desata.

(Descendente)


Mardilê Friedrich Fabre

Imagens: Google

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Formas múltiplas do poetrix: grafitrix, videotrix, clonix (final)

Entre as formas múltiplas do poetrix reconhecidas pelo Movimento Internacional Poetrix (MIP), estão o grafitrix, o videotrix e o clonix. Organizei uma pequena explicação sobre cada uma delas.


GRAFITRIX

Poetrix inspirado por uma imagem. Em geral, escreve-se o poetrix sobre a foto ou o desenho.
É uma criação de Murillo Falangola.






VIDEOTRIX

Poetrix apresentado com recursos audiovisuais de animação.
Criado por Murillo Falangola.

CLONIX

Poetrix originado de outro, substituem-se palavras e pontuação, mas a essência é a mesma, promovendo uma nova leitura.
Para ser publicado deve ter a permissão do autor do poetrix.
O clonix não é colocado ao lado do poetrix como o duplix, mas abaixo.
Cada autor assina seu clonix.
Seus criadores são os poetas Goulart Gomes e Nathan de Castro.



Verde-essência

Entreaberta porta,
mundo-vida esperado,
adentra metamorfoseado.

Mardilê Friedrich Fabre

Giramundo

É hora incerta
e vem o mundo, de verde essência
girando, girando na porta entreaberta

Lilipoeta

Metamorfose

Gira o mundo no verde-essência
Na porta entreaberta, incerteza
Um gris surge em hora incerta

Denise Severgnini

Gira o mundo se modificando a todo instante,

como numa metamorfose ambulante.
Assim vamos nós, a cada dia, a cada hora,
a cada segundo, nos transformando, evoluindo...



PCOELHO



Referência
Movimento Internacional Poetrix
http://www.movimentopoetrix.com/

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Formas múltiplas do poetrix: palavratrix, acrostrix, tautotrix, concretrix



Entre as formas múltiplas do poetrix reconhecidas pelo Movimento Internacional Poetrix (MIP), estão o palavratrix, o acrostrix, o tautotrix e o concretrix. Seguem algumas considerações sobre essas formas poéticas.

PALAVRATRIX
Uma palavra formando um poetrix (com sentido), ou seja, um terceto com novo sentido. O que valoriza o palavratrix é o título (que não deve ser a palavra).
É uma criação de Pedro Cardoso.



Deu branco

perdi
da
mente

Mardilê Friedrich Fabre


ACROSTRIX
Um acróstico em três versos. As primeiras letras de cada verso formam uma palavra.
Desejo

Decifrar teu pensamento,
Seguir teu coração,
Joia inescrutável.

Mardilê Friedrich Fabre










TAUTOTRIX
Poetrix em que todas as palavras começam com a mesma letra.
Sua criação deve-se a Carlos Fiore.



Magnífica

Mulher marcante.
Melodia, movimento...
Mimosa, melindrosa...

Mardilê Friedrich Fabre


CONCRETRIX
.Poetrix constituído por caracteres gráficos, menos o título.
Seu criador é Pedro Cardoso.

Imagens: Google

Referência
Movimento Internacional Poetrix

http://www.movimentopoetrix.com/

domingo, 9 de novembro de 2014

Forma múltipla do poetrix: Letrix



Entre as formas múltiplas do poetrix reconhecidas pelo Movimento Internacional Poetrix (MIP), está o letrix, sobre o qual me detive neste pequeno texto.
O letrix é um terceto escrito horizontalmente.
Note-se:
1 - O título, que é o tema do poema, é escrito verticalmente, com, no máximo, 7 letras;
2 - Seus versos são separados por // (duas barras);
3 - O poema seve ter, no máximo, 17 sílabas poéticas;
4 - Segue-se a contagem das sílabas poéticas;
5 – utiliza-se linguagem figurada e explora-se o inusitado.



MORENA
M
O
R
E
N
A na varanda // espera lânguida // De repente... paixão.

Mardilê Friedrich Fabre

Entre os tipos de letrix, merecem atenção:
A) o letrix simples compartilhado;
B) o letrix pleno compartilhado.
No letrix simples compartilahdo, do lado esquerdo do letrix, outro autor compõe um letrix sobre o mesmo assunto.
Cada letrix deve ter, no máximo, 17 sílabas.




Seca // Sertão
S
E  S
R  E
T  C
à A água ausente//gente sente//morte iminente
O pungente // sol ardente // tristeza comovente.

Letrix Simples Compartilhado - 2 autores
Denise Severgnini (Seca)
Mardilê Fabre (Sertão)

No letrix pleno compartilahdo, nos versos de cada letrix deve constar os títulos dos letrix anteriores.
Este tipo de poema foi craido por Pedro Cardoso Machado, Patrícia Essinger, Rejane (Mel) Britto, Marco Bastos e Sandra Mamede. A estruturação e sistematização e o nome letrix são de Marco Bastos.




Oásis // Microcosmo // Infinito // Estrada
       M
       I
       C
   I   R 
   N  O  O
E  F  C  A
S  I  O  S
T  N  S  I
R  I  M  S céu aberto // no meio do deserto // descanso certo...(1)
A  T  O  areia e estrelas // OÁSIS, quase grito // tão perto... – o infinito!...(2)
D O lar de entrada // segue o MICROCOSMO // mesmo sem saída (3)
A vai quem quer sair... // OÁSIS, MICROCOSMO, INFINITO // - precisa ir!...(4)
(1) - Mardilê Fabre
(2), (4) - Marco Bastos
(3) - Regina Lyra 

Referência


Movimento internacional Poetrix


Imagens: Google