quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Terza Rima

É uma composição poética formada por tercetos, cuja rima segue este esquema: ABA BCB CDC DED, etc., isto é, o 1º e o 3º versos do terceto rimam entre si, e a rima do 2º verso comanda a do 1º e do 3º versos do terceto seguinte, assim sucessivamente. Nãolimite de número de tercetos, mas o poema termina por um monóstico, ou por um dístico, que rima com o segundo verso do último tercerto. 
Os versos decassílabos são os mais comuns, masliberdade para usar outros tipos de versos, como redondilhas maiores, octossílabos, dodecassílabos, etc.
Este poema foi criado por Dante Aliguieri na suaDivina Comédia”.

Referências:
PRATA, Lóla. E eu sei fazer versos? Bragança Paulista: ABR Editora, 2011.




Presente



Minha vida é dote divino,
Por isso a defendo com zelo,
E a angústia, e o receio elimino.

Foi a mim ofertada pelo
Criador meu, onipotente,
Meu pai, meu mestre, meu modelo.

Vivo-a benevolentemente,
Cultivo-a com muito cuidado.
As mazelas trato-as de frente.

Aturdo-me, às vezes, mas brado
Dificuldades, destemida,
Atrás do impossível sonhado.

O misterioso me intimida,
Humana que sou neste mundo,
A vida não é ferida.

Então de resplendor me inundo.

Mardilê Friedrich Fabre
Imagem: blog.opovo.com.br

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Glosa

Glosa é uma composição poética utilizada pelos poetas do Nordeste do Brasil, principalmente os cantadores, em forma de uma ou mais décimas (estrofe de 10 versos) que respondem a um desafio, expresso em forma de mote. O mote é, geralmente, um dístico, ou seja, dois versos decassílabos. Esses versos se apresentam na glosa de duas formas mais comuns:
Os dois versos aparecem no fim da estrofe, compondo a rima, que, na maioria das vezes, segue o esquema ABBAACCDDC.
Um verso do mote aparece como quarto verso da glosa, e o outro verso na última posição. O esquema rítmico é semelhante.

 

(CAMPOS, Geir. Pequeno Dicionário de Arte Poética. Rio de Janeiro: Edições de Ouro, 1960).


Vazio 
em meu peito

Mote:
“Se ao longe, a melodia acena,
Vazio cativo em meu peito.”
                Denise Severgnini

À noite, é triste a cantilena
Que acalenta o meu aconchego
E restitui o meu sossego.
Se, ao longe, a melodia acena,
Perto, em mim, a paixão serena.
Espero-te, sim, do meu jeito.
Estou . A derrota aceito.
Permiti que tomasses conta
De minh´alma. Agora estou tonta:
Vazio cativo em meu peito.

Mardilê Friedrich Fabre 
Imagem: coisasdeumavida172.blogspot.com

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Quindeto

Benedito Machado Homem, poeta, autor do livro Carrilhão, criou o quindeto em 1966.
Batizou-o assim porque o poema tem cinco estrofes nesta ordem: uma quintilha, um quarteto, um terceto, um dístico, terminando com um monóstico. Portanto, possui 15 versos cuja rima segue a seguinte estrutura: ABABA BABA CCD EE D, e cada verso com 8 a 12 sílabas poéticas.





Aprendendo a amar-te

Ao ver-te, naquele momento,
Não imaginei que contigo
Dividiria meu lamento,
Que serias meu abrigo
Neste caminho cruento.

Existo porque estás comigo,
De tua alma a minha é fragmento.
A teu lado nãoperigo,
Salvas meu coração sangrento.

Floresci com o teu amor,
Com teu carinho animador.
Descortinas p´ra mim a vida.

Aprendo a te amar lentamente,
Vibro em teu espaço silente.

Refletes minha luz contida.

Imagem:tudoparahomens.com.br

Mardilê Friedrich Fabre

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Poema ABC

É uma composição poética criada por Paul West, com uma estrofe de cinco versos ou mais. Pode iniciar com qualquer letra do alfabeto, porém os versos 2, 3, 4, etc. até o penúltimo, devem iniciar com a letra subsequente à que começou o poema e ao verso anterior. Exemplificando:
Se o 1º verso começar com a letra D, o 2º verso deve principiar com a letra E, o 3º, com F, o 4º, com G e assim sucessivamente até o penúltimo verso do poema..
O último verso (que encerra o poema) pode começar com qualquer letra.
O poeta tem liberdade para expressar qualquer tema sem se preocupar com o número de sílabas poéticas (os versos são livres) nem com rima.
o título é indispensável.

Obs: É possível escrever um poema em que cada verso comece com uma letra do alfabeto (poema alfabeto).

Referência:
<http://www.recantodasletras.com.br/teorialiteraria/3777592>


Criançando

A vida corre de pés descalços,
Branda nas tardes de primavera.
Coração, ritmando do amor traços,
Domina, assim, o tédio da espera,
Levado pela brisa nos braços.

Mardilê Friedrich Fabre
Imagem: dharmadhanyael.blogspot.com





quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

Variações do fibhaiku

Meu intuito é divulgar o fib e suas variações. Tenho lido alguns poemas que me parecem uma tentativa de fib. Então, por sentir que esta forma está despertando curiosidade, organizei e publico este texto. 

Para mim, poesia é criatividade, e muitas regras tolhem a imaginação. Cuido da métrica, mas comcerta liberdade”, daí também, como a poetisa Nilza Azzi, por meio de quem entrei em contato com o fib e suas variações, ter-me identificado com eles.
Recentemente, tenho praticado e lido variações do fibhaiku. 

Abaixo exemplos de minha lavra dessas variações:

1) Fib refletido
Desenvolve-se o fib principal (1,1,2,3,5,8,) em dueto ou refletido pelo próprio poeta (8,5,3,2,1,1). Este tipo de fib pode ser intitulado.
  





Escrevo poemas

Não
sou
poeta.
declino
emoções que brotam.
Verto minh´alma no papel.
Ouso fazer versos rimados.
Minhas fantasias
perpetuadas
no tempo
frágeis
voam.


2) Fib estendido
Tradicionalmente, esta é a única possibilidade de aumentar o fib, pois este poema segue a sequência infinita de Fibonacci (1,,1,2,3,5,8,13,21...). As demais formas são experimentais. Aqui o título é o primeiro verso.








Cores
Na vida.
Infância
Cor-de-rosa.
Vem adolescência,
Ostenta vermelho-paixão.
A maturidade circunspecta veste azul.
Prepara a velhice lilás, que logo toma seu lugar com sabedoria.



3) Fib em pirâmide
Segundo a poetisa Nilza Azzi, “esta forma permite que se continue um tema, construindo uma pirâmide de fibs. Tantas quantas se desejar”. Pode-se dar título.



Agora somos um

Dois
Olhos
Acolhem-se.
Sem demora,
Sentem o calor,
Corpos entregue à paixão.

Dois
Corpos
Caminham,
Buscam vida,
Juntos para sempre.
Entoam o hino do amor.

Nós
Somos
Uma alma.
Impossível
A separação.
Os corações estão unidos.

4) Fibhaicai
Este tipo do fib é composto por um hacai e um fib, respeitando-se a métrica característica de cada um( haicai: 5-7-5 e fib: 1,1,2,3,5,8 sílabas poéticas). Os dois devem manter vínculo quanto ao tema.







Renascimento

Corre o regato.
Suas translúcidas águas
refrescam o mato.

Verdes
árvores
vicejam,
reanimam-se.
Festejam a vida.
Com energia reflorescem.


5) Fib invertido
Em forma de ampulheta, seguindo a métrica: 8,5,3,2,1,1,1,1,3,5,8. É o fib refletido ao contrário. Pode-se atribuir-lhe um título.


Voltaste?
Atônita, não entendi.
Voltou de repente
O passado.
Ouvi
Tua
Voz.
De
Novo,
Tristeza
E alegria
De mim se apossaram,
Sentimentos paradoxais.


6) Fibgrama
É um fib com as normas do tautograma (poema em que todas as palavras começam com a mesma letra). Segue as normas do fib: o título é o primeiro verso.



Minha
Mão
Mitiga
Muita mágoa,
Mata mal macabro
Míngua, move melancolia.

Imagens: Google

Para relembrar o fibhaiku:
http://comocriarpoemas.blogspot.com.br/2014/08/fibhaiku.html