domingo, 26 de outubro de 2014

Esparsa

Esparsa é um tipo de poema que foi difundido na Península Ibérica a partir do século XV. É formado por uma única estrofe, que pode ter de oito a 16 versos em redondilha maior (sete sílabas poéticas). É um poema lírico com rima, que pode ser da escolha do autor, cujos temas privilegiados são os que falam de amor com tom melancólico, triste. Leva título.

Referências:
http://www.ciberduvidas.pt/pergunta.php?id=27588

http://www.infopedia.pt/$esparsa






Pela vidraça

A vida passa por mim.
Paro com o corre-corre,
De repente. Acordo enfim.
Chego diante da vidraça,
Meu olhar o céu percorre,
E a serenidade caça.
Recrio o meu amanhã
Ao som das canções do dia,
Não serei de mim vilã.
Pinto com cores vibrantes
O presente que me asfixia.
Já nada é mais como antes.
Carrossel iluminado,
Mundo gira renovado
Pelas notas da balada
De minh´alma transformada.


Mardilê Friedrich Fabre
Imagem: gfzuko.wordpress.com

domingo, 19 de outubro de 2014

Vilanela

A Vilanela surgiu no século XVI, na Itália, como letra que acompanhava canções napolitanas. Como forma de poesia e de canção, estendeu-se também pela Inglaterra. Depois, estendeu-se aos demais países como expressão poética. No Brasil, talvez devida a musicalidade dessa modalidade poética, obteve grande apreço dos poetas.
A vilanela é um poema formado por uma quadra e vários tercetos (sem número definido), com a métrica de versos em redondilha maior (7 sílabas), e a rima alternada (A,B – duas rimas apenas). O primeiro e o terceiro versos da primeira estrofe aparecem alternadamente como último verso nas estrofes seguintes.
Uma variante da vilanela surgiu em Portugal. Começa com tercetos que repetem alternadamente dois versos, que são o 3º e 4º verso da quadra que termina a poesia.

Referência:





Versejo à mulher formosa

Então cesso de ser prosa 
e me faço poesia.
Versejo à mulher formosa
e tudo vira magia.

O mundo está cor-de-rosa,
Minh´alma em todos confia,
Então cesso de ser prosa.

A expectativa em mim tosa
A insipidez deste dia:
Versejo à mulher formosa.

Tão viva flor buliçosa
Grita de amor e euforia,
Então cesso de ser prosa.

Em gotas, a emoção dosa
A sina que se desfia,
Versejo à mulher formosa.

Ante mim resplendorosa
Desaparece ela esguia,
Então cesso de ser prosa.

Silhueta vaporosa
O milagre propicia:
Versejo à mulher formosa.

Com o consolo se entrosa
A tristeza em demasia,
Então cesso de ser prosa

Em outro lugar, gloriosa,
Do concreto se esvazia.
Versejo à mulher formosa.

Mardilê Friedrich Fabre
Imagem:peapaz.ning.com 

sábado, 11 de outubro de 2014

Pantum

O pantum é originário da Malásia. É formado por quartetos com rima cruzada, em que o 2º e o 4º versos de um reaparecem como 1º e 3º do quarteto seguinte. O poema deve terminar com o verso que o iniciou, e o número de sílabas poéticas dos vesros pode ser oito ou dez.
Foi levado para a Europa por Vítor Hugo.
No Brasil, Olavo Bilac e Alberto de Oliveira praticaram esse tipo de poema.

Referências:
http://www.paralerepensar.com.br/miriampc_pantum.htm
http://www.recantodasletras.com.br/teorialiteraria/47039




Perfume de Primavera

Um perfume de primavera
Baila no ar com o beija-flor
E a mutação em mim se opera
Neste momento sedutor.

Baila no ar com o beija-flor
Pelas estradas e vergéis
Neste momento sedutor
Que almas agita com cordéis.

Pelas estradas e vergéis
Suspira o silêncio despido
Que almas agita com cordéis
As horas certas do tempo ido.

Suspira o silêncio despido...
Evaporaram-se em essências
As horas certas do tempo ido
E arrebataram coerência.

Evaporaram-se em essências
Palavras, pétalas em cores
E arrebataram coerência
Dos vaticínios sedutores.

Palavras, pétalas em cores
Cantam emoção que libera
Dos vaticínios sedutores
Um perfume de primavera.

Mardilê Friedrich Fabre
Imagem: www.tribunauniao.com.br

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Gazal

Gazal, ou Gazel, é um poema lírico de forma fixa de origem árabe, de cunho amoroso e místico, de forma leve, que surgiu no final do séc VII. 
Segundo o dicionário Aurélio, gazal, ou gazel, é uma palavra de origem árabe que significa requebro, galanteio, poesia erótica.
O gazal foi popularizado pelo poeta persa Hafiz.


Quanto à sua estrutura, o gazal é composto de, no mínimo cinco e, no máximo, 15 dísticos, que não t~em cavalgamentos.Por isso cada dístico deve ser considerado um poema em si mesmo. 
A estrutura de rima é a seguinte: o primeiro dístico rima entre si, e os segundos versos de todos os outros dísticos, rimam com o primeiro. Os primeiros versos, a partir do segundo dístico, não rimam.

Referências:

httpp://www2.fcsh.unl.pt/verbetes/G/ghazal.htma
http://zeferino500.spaces.live.com/Blog/cns!3EC4D8B2A2157D16!915.entry
http://recantodasletras.uol.com.br/teorialiteraria/1328902
http://lastchanceforcommonsense.blogspot.com/2009/05/manuel-bandeira-gazal-em-louvor-de.html


Passageiro do silêncio

Nasce na escada do nada,
Atinge o longe a estrada.

Perfumada de silêncio,
Propaga-se imaculada.

Por ela ligeiros passos
Andam na noite calada.

Aonde vai o viandante?
Intentar mais quixotada?

Assim, enrolado em si,
Para na curva cortada.

O que vê de interessante?
Força na sombra fechada.

Entra no desconhecido,
Transpõe a escura arcada.

Do outro lado, o colorido,
Solidão cinza quebrada.

Mardilê Friedrich Fabre
Imagem: infinitoparticulardalva.blogspot.com