domingo, 31 de agosto de 2014

Rondel

A palavra rondel significa redondo. Esta composição literária surgiu na França no séc. XIII.
Estrutura:
2 quartetos e uma quintilha.
Os 2 primeiros versos do primeiro quarteto são os 2 últimos do segundo quarteto.
O último verso da quintilha é o primeiro verso do primeiro quarteto
Métrica: Versos de 7 , 8 , são os preferenciais. Entretanto, se podem-se usar versos co outros números de sílabas, não há rigidez sílabas poéticas.
Rima: ABAB, BAAB, ABABA.
Assuntos: sentimentos.

Referência:
http://www.recantodasletras.com.br/teorialiteraria/96391

Os exemplos foram criados por mim. Em meu livro "A Moda Antiga: Poemas", há mais exemplos de rondéis da minha lavra.




Eterno Namorado

És meu eterno namorado...
Juntos, todo dia aprendemos.
Enfrentamos lado a lado
dissabores. Vencemos.

Alegrias sem par vivemos
Em amor imortalizado.
És meu eterno namorado.
Juntos, todo dia aprendemos.

Até hoje tens me apoiado,
Longa estrada percorremos.
Não te vi desanimado
Assim, bons frutos colhemos.
És meu eterno namorado...



Bailarina

Tímida espera a bailarina
O momento de em cena entrar.
Vestida como Colombina
Apenas sente seu Pierrot chegar.

Ambos formam perfeito par...
Corações atrás da cortina...
Tímida espera a bailarina
O momento de em cena entrar.

Na realidade, triste sina,
No palco vão representar
Da vida essa mesma rotina
Que a arte não pode mudar.
Tímida espera a bailarina.


Mardilê Friedrich Fabre
Imagens: Google

domingo, 24 de agosto de 2014

Fibhaiku



O fibhaiku (nome formado de Fibonnaci + Haiku) é um poema minimalista da família do haicai. Atribui-se sua criação ao poeta John Frederick Nims em 1974.


Algumas normas para redigir um fibhaiku (fib):


• o título é obrigatório e faz parte do poema;


• tem 20 sílabas poéticas, que incluem o título, o qual entra na contagem de versos como o primeiro;


• o segundo verso deve ser um dissílabo paroxítono, porque deve ter apenas um som, sendo assim um dissílabo oxítono não cabe nesse verso, pois ele ficaria com dois sons;


• a contagem de sílabas poéticas dos versos segue a sequência de Fibonacci (1,1,2,3,5,8,13...): cada verso tem o número de sílabas poéticas, que é a soma das dos dois versos anteriores: título, que é o 1º verso, uma sílaba poética ; 2º verso, 1 (considerando-se que antes do 1º verso, o número de sílabas é zero); 3º verso (soma das sílabas do título (1º verso) com as do 2º verso), 2; 4º verso, 3; 5º verso, 5, 6º verso, 8...) em uma sequência infinita;


não aceita duetos (é uma sequência infinita);


• nele pode-se expressar o subjetivo: sentimentos, emoções, estado de alma.

Referências



http://gottabook.blogspot.com/2006/04/fib.html
http://laminute.canalblog.com/archives/2006/09/18/2224350.html
http://blogue.bandeapart.fm/2006/05/le_fibbing.php
http://www.numaboa.com/escolinha/historia-matematica/102-finobacci
http://recantodasletras.uol.com.br/autor.php?id=20629
http://recantodasletras.uol.com.br/forum/index.php?topic=4557.0

Seguem dois exemplos de fibhaikus criados por mim.



Não
Amor
Sem respeito.
Brado minha dor.
Com brilhos entendem-me as estrelas.
Solidárias comigo, cicatrizam-me as chagas.


Forte
Vento.
Açoita
Flores e árvores.
Raios e faíscas
Abrem chagas no céu escuro.

Mardilê Friedrich Fabre
Imagens: Google


quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Aldravipeia


Estrutura:
- é uma formulação de texto composta por 20 aldravias;
- todas as 20 aldravias versam sobre a mesma palavra, ou a ela aludem, explorando 20 contextos diferentes em que se pode empregá-la;
- cada aldravia deve ser independente das demais, isto é, deve guardar sua autonomia;
- o nome “aldravipeia” foi sugestão de Andrreia Donadon Leal.

Referências:


Aldravipeia de minha lavra.

Aldravipeia – Chuva


1.
gotas
escorrem-lhe
pela
face
lágrimas?
chuva?

2.
poças
de
água
pés
inocentes
brincam



3.
água
da
chuva
delírio
da
criançada

4.
pingam
saudades
na
chuva
que
cai

5.
caminhos
tortuosos
intransponíveis
chuva
altera
roteiro

6.
trovões
coriscos
nuvens
jorram
temor
molhado

7.
cortina
de
chuva
quantos
chorarão
perdas?

8.
vento
chuva
terra
encharcada
abrem-se
cicatrizes

9.
pássaros
calados
asas
molhadas
voos
adiados


10.
água
na
calçada
olhos
na
janela

11.
no
balanço
do
vento
chuva
aporta

12.
pingos
de
chuva
círculos
nas
poças

13.
dia
chuvoso
sob
os
guarda-chuvas
inquietação

14.
esferas
na
rua
gotas
rodopiam
desenhos

15.
na
correnteza
navegam
barquinhos
de
esperança

16.
gotículas
na
vidraça
lembram
sonhos
perdidos

17.
vida!
felicidade!
chuva
verdeja
os
campos

18.
chove
melancolia
minha
alma
amortecida
chora

19.
chuva
chega
não
se
faz
anunciar

20.
chove
azul
no
meu
eu
cinza


Mardilê Friedrich Fabre
Imagem: maederna.wordpress.com

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Aldravia


Composição poética minimalista criada pelos poetas do movimento cultural aladravismo, que “defende a expressão de liberdade, o rompimento de barreiras formais de produção e a ousadia de criar conceitos novos.”
Segundo J. B. Donadon-Leal, “a aldravia, nome sugerido por Andreia Donadon Leal a uma forma elaborada por Gabriel Bicalho, com base na concepção de encontro com os sentidos na possibilidade real de se ter o máximo de poesia no mínimo de palavras”. Um poema simples com conteúdo, que deixe as portas abertas para interpretações.
O nome do poema vem de aldrava batente de porta.

Esquema:
·       é uma sextilha(6 versos);
cada palavra forma um verso (palavra-verso);
·       os versos iniciam por letras minúsculas;
·       não se usa pontuação (apenas ponto de interrogação e exclamação), nem título, nem métrica;
·       o poema aborda qualquer tema;
·       emprega-se mais a metonímia que a metáfora;
·       nomes de pessoas com sobrenomes e palavras unidas com hífen são considerados um verso. 

Referências
http://www.jornalaldrava.com.br/pag_aldravias.htm
http://www.kathleenlessa.prosaeverso.net/visualizar.php?idt=3819679


1.
cabelos
brancos
mascaram
uma
alma
infantil

2.
flores
morrem
lentamente
os
colibris?
distantes


3.
lua
vigia
poeta
eletrizado
de
amor


Mardilê Friedrich Fabre
Imagem: diariodigital.sapo.pt


sábado, 9 de agosto de 2014

Tanca


O tanca, poema japonês, que data do séc. VII, é anterior ao haicai.

É composto por cinco versos distribuídos em duas estrofes: um terceto e um dístico. O primeiro e o terceiro versos do terceto, com cinco sílabas métricas, e o segundo, com sete. Os dois versos do dístico, com sete sílabas métricas cada um. O poema tem, ao todo, 31 sílabas poéticas.

É um poema subjetivo, cujo assunto são sentimentos e emoções, com o uso irrestrito de figuras de linguagem, o que, às vezes, torna-o incompreensível.

O tanca, como o haicai, fala do presente e dispensa rima e título.

Não se devem repetir no dístico, palavras empregadas no terceto.

A separação das estrofes é singular: não se usa linha em branco (espaço) entre as duas estrofes, escreve-se o dístico com margem maior que o terceto.

Um poeta brasileiro, que é referência, sempre que se fala de tancas e haicais é Paulo Lemisnki.

Segundo o Dicionário Houaiss, tanca é palavra masculina.

Referência:
A Tanca. Caqui. Revista Brasileira de Haicai. Disponível em: <http://www.kakinet.com/caqui/tanca.shtml> Acesso em: 22 mar. 2008.

☼☼☼☼☼☼☼☼☼☼☼☼☼☼☼☼☼☼☼☼

Três exemplos de minha autoria









Tanca 1

Pandorga no céu,
leva o sonho da criança,
requebrando ao léu.
Rostinho ainda inocente,
crê na vida veemente.

☼☼☼☼☼☼☼☼☼☼☼☼☼☼☼☼☼☼☼☼

Tanca 2

Dia especial.
Nossas almas se descobrem
escravas do amor.
Fortes grilhões nos enlaçam.
Não quero mais me soltar.

☼☼☼☼☼☼☼☼☼☼☼☼☼☼☼☼☼☼☼☼

Tanca 3

Do peito esta dor
por  que o vento não arrasta?
Insiste o vazio.
Esta negra solidão
que massacra o coração.



 Mardilê Friedrich Fabre
Imagem: wp.clicrbs.com.br

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Para escrever haicais III

Dicas Sucintas sobre o Haicai


De tudo que li sobre o haicai, fiz um pequeno resumo com detalhes, que me são muito úteis para escrevê-los.

1) O haicai é um terceto.

2) Quanto ao número de sílabas dos versos, assim se distribuem: 1º e 3º são redondilhas menores (versos de cinco sílabas poéticas), e o 2º é uma redondilha maior (verso de 7 sílabas poéticas), num total de 17 sílabas poéticas. Os haicaístas costumam resumir essa estrutura em 5-7-5. A contagem de sílabas poéticas e sílabas gramaticais é diferente.

3) Não possui título, portanto o bom é numerá-lo.

4) Não se rimam os versos do haicai, pelo menos o chamado haicai clássico, embora haja autores que utilizem esse recurso. Guilherme de Almeida, por exemplo,  escrevia haicai, rimando o  3º verso com o 1º , e no  2º usava rima interna, que ficou conhecido como haicai guilhermino.

5) As frases devem ser construídas em dois segmentos justapostos e separados por ponto ou travessão, indicando a quebra em duas frases. Não se deve escrevê-lo em uma frase, tampouco em três.

6) É um poema descritivo. É um instantâneo, o poeta age como um fotógrafo com uma máquina fotográfica, que registra uma impressão, um momento transitório. Assim sendo o tempo verbal usado é o presente, e não se deve empregar o gerúndio, que indica uma ação continuada.

7) A linguagem empregada deve ser simples, clara e objetiva, sem palavras ou expressões subentendidas. No mesmo haicai, não cabem palavras sinônimas.

8) O tema principal é a natureza. Logo, o segredo do haicaísta está em observá-la atentamente.

9) O kigo, que representa a estação do ano (primavera, verão, outono, inverno), deve estar sempre presente, porque, na verdade, indica a estação do ano em que o haicai foi escrito.

10) Como é um poema objetivo, jamais usar a primeira pessoa (eu – nós).

11) As figuras de linguagem (comparações, metáforas, etc.) devem ser evitadas.

12) Recomenda-se usar apenas um verbo, ter cautela com o emprego de adjetivo e cuidar para não usar advérbios, locuções adverbiais e interjeições.

Referências:

Textos dos poetas Álvaro Mariel Posselt, Benedita Azevedo, Fiore Carlos, Paulo Leminski.



Haicais de Mardilê Friedrich Fabre


Voa a borboleta
Entre flores coloridas.
Alegre balé.


Árvores sem pássaros.
Ausentam-se do parque
Também as crianças.

Imagem: encantapoesia.blogspot.com